Que tal uma pausa na rotina para ler um miniconto? Aproveite a leitura!
Areia, sol e Miados
A areia era tão fina que parecia açúcar escorrendo entre os dedos. O sol brilhava alto no céu, dourando tudo ao redor, enquanto o barulho das ondas embalava o momento. Bia, Flávia e Amanda estavam sentadas lado a lado, com os pés afundados na areia quente.
— Vocês sentem isso? — perguntou Bia, abanando-se com a mão. — Parece que a areia tá fritando nossos pés.
— É óbvio, Bia. Estamos no auge do verão e você esqueceu que o sol não tem dó — respondeu Flávia, sempre prática, enquanto olhava para o horizonte.
Amanda, sonhadora como sempre, fechou os olhos e deixou que a brisa do mar bagunçasse seus cabelos.
— Mesmo assim, é perfeito. O cheiro do mar, o calor no corpo… nunca pensei que um lugar pudesse ser tão livre.
Elas ficaram em silêncio por alguns instantes, apenas ouvindo as gaivotas e o vai e vem das ondas.
— Sabe — disse Bia, quebrando o silêncio — nunca imaginei que a areia seria tão fina. Achei que ia ser grossa, desconfortável…
— Nem eu — completou Flávia. — Achei que seria estranho, que não era pra gente estar aqui.
Amanda sorriu, abrindo um olho:
— E, tecnicamente, não é. Se a minha mãe souber onde estamos, ela surta.
As três riram alto, um riso leve e cúmplice, como quem guarda um segredo enorme.
O sol já começava a descer no céu quando Flávia olhou para as amigas e disse:
— Acho que já podemos contar a verdade…
Amanda se esticou na areia, os olhos brilhando de diversão.
— É, Bia. Chegou a hora.
Bia suspirou, vencida.
— Tá bom, tá bom… Mas quem vai acreditar que três gatinhas como a gente escaparam de casa só pra ver o mar pela primeira vez?
As três se olharam e, num gesto quase ensaiado, esticaram as patinhas, revelando seus rabinhos balançando de alegria.
Naquela praia dourada, entre areia fina e pés (ou melhor, patinhas) quentes, estavam não apenas três amigas — mas três gatas curiosas, corajosas e sonhadoras, desbravando o mundo muito além do quintal.
E naquele final de tarde, enquanto o céu se pintava de rosa e laranja, elas souberam que nada, nem mesmo a areia quente ou o medo do desconhecido, poderia ser maior do que a liberdade de uma boa aventura felina.
Autora: Letícia Líbero